terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

As Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Dinis

As Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Dinis

Análise da obra
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As Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Dinis, primeiro romance português do século, publicado inicialmente em 1866 em forma de folhetim, e só no ano seguinte apareceria em livro. Seu caráter moralizador e a religiosidade que perpassa por todo o romance, a bondade capaz de chegar a extremos quase incríveis de sacrifício pessoal, são alguns dos ingredientes que transformaram em muito pouco tempo o autor desconhecido em sucesso nacional.

A calma da cidade do interior (Ovar - Portugal) e a observação da vida simples das pessoas da aldeia propiciaram o aparecimento desse romance que, algum tempo depois, se tornaria um dos mais famosos em Portugal.

Os capítulos são tipicamente folhetinescos: unidades narrativas com peripécias e final em suspensão. É um romance está cheio de ironias bem humoradas, tornando-o, apesar do moralismo intencional, de leitura mais agradável.

Como costuma acontecer com escritores românticos, Júlio Dinis também vê o mundo com as lentes do maniqueísmo. Assim, assenta sua obra em um jogo contínuo de oposições. Entre as principais, destacam-se: A cidade - O campo / A modernidade - A tradição / O desejo - O amor.
Temática

O romance  gira em torno da tese segundo a qual a vida simples e natural torna as pessoas alegres e felizes. Júlio Diniz descreve o campo, os tipos humanos, os hábitos e as idéias, desenvolvendo toda uma problemática pequeno-burguesa, com o "propósito de pregar uma moralização de costumes pela vida rural e pela influência de um clero convertido ao liberalismo".
Foco narrativo

O foco narrativo organiza-se através de um narrador que conta a história em terceira pessoa, sem se confundir com nenhum dos personagens, a respeito dos quais tem uma visão onisciente. Assim, conhece-os de forma absoluta, em seu mundo interior e exterior, em suas ações e motivações íntimas.

A forma didática como o narrador conduz a leitura da obra, ora descrevendo a interioridade de um personagem, ora se colocando como mero cronista que registra os acontecimentos, caracteriza-o como alguém que narra para um tipo específico de leitor: o leitor de jornal, que lê o romance de maneira descontínua e cuja atenção deve ser constantemente alimentada.
Tempo / Espaço 

O tempo histórico é o presente, como convinha a um autor pré-Realista que preconizava a substituição do maravilhoso psicológico pelo romance de costumes. E presente, neste caso, é o início da segunda metade do século XIX.

Quanto ao tempo narrativo, não se pode precisar a extensão, mas trata-se de alguns anos, que vão da infância de Daniel, passam pelo tempo em que faz Medicina no Porto, seu regresso e a introdução, em um tempo narrativo mais acelerado, das principais ações da trama, isto é, o período dos escândalos na aldeia até a descoberta do amor.

Toda a ação transcorre em uma aldeia típica de Portugal. Seus costumes, suas festas, seus valores e personagens. Da estada para tratamento de saúde em Ovar, interior de Portugal, são as memórias que o autor utiliza na composição de seu romance. Os costumes rurais portugueses, incluindo aí as maledicências, as beatas de verniz, mas também os valores positivos do agricultor próspero, cuja moral do trabalho Júlio Dinis dá como modelo social.

A obra se caracteriza por reforçar o velho motivo literário "fugere urbem" (fugir da cidade). Assim, a natureza é o grande cenário, repleto de abundância, de belezas nostalgicamente evocadas, e daquele caráter de mãe que provê e beneficia o cultivo das tradições.
Personagens

As personagens são autênticas, são cópias do natural, das pessoas que vivem no campo: o João Semana é o retrato fiel do cirurgião João José da Silveira, que no tempo da estada de Júlio Diniz em Ovar, exercitou a profissão médica com grande sucesso, naquela região.

FONTE:http://www.passeiweb.com 

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