quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água-Jorge Amado

A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água-Jorge Amado
A narrativa de A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água ambienta-se em Salvador, na época atual, e é apresentada por um interessante narrador em primeira pessoa, pois que é dotado de onisciência. Tudo gira ao redor de Joaquim Soares da Cunha, mais conhecido como Quincas Berro d’Água, apelido gerado pela reação explosiva e indignada ao ter bebido, por engano, água no lugar de cachaça, sua bebida predileta. Por aí já se pode imaginar de que tipo de personagem se trata. Essa idéia pode ser reforçada pelos apelidos que havia recebido: Rei dos Vagabundos da Bahia, O Cachaceiro-Mor de Salvador, O Vagabundo por Excelência, O Filósofo Esfarrapado da Rampa do Mercado, O Rei da Gafieira, O Patriarca da Zona do Baixo Meretrício.
No entanto, nem sempre teve tais predicados. Dez anos antes do início da narrativa, Quincas era funcionário exemplar da Mesa de Rendas Estadual. Levava uma vida respeitável, mas que lhe era sufocante, graças às pressões de uma formalidade vazia e inútil. O rompimento ocorre quando sua filha, Vanda, está para se casar com Leonardo Barreto, uma reprodução fiel do estilo de vida de Joaquim; a diferença é que o jovem está satisfeito com o que tem. Comunicado o noivado e apresentado o rapaz, Joaquim qualifica-o como um coitado. Vanda e Otacília (sua esposa) têm uma reação que é um misto de indignação e incompreensão. Inconformado, Joaquim chama o futuro genro de bestalhão e sua esposa (tão apegada às etiquetas) de jararaca. Sai de casa e transforma-se no Quincas Berro d’Água. Decai socialmente, pelo menos aos olhos de uma sociedade apegada à formalidade, mas encontra sua felicidade em meio a gente da classe baixa, comofamília, que não teve a capacidade de preparar um velório mais decente – não há comida, cadeira, conforto, nada.
Então, o fato inexplicável. Surge uma garrafa de cachaça. Não se sabia se havia entrado escondida ou se fora comprada depois, mas o consumo dela facilitou as exorbitâncias daquela noite. Começam a dialogar com o morto de forma desabrida, principalmente sobre quem seria o sucessor na posse do coração de Quitéria do Olho Arregalado. Fantasticamente, ou até mesmo por produto de bebedeira, ouvem a reação de Quincas diante de assunto tão abusado. Na crença, pois, de que não estava morto, de que tudo não passara de uma peça, iniciam um diálogo festivo com o “paizinho”. Dão bebida para ele. No final, tiram a roupa social e restituem a antiga. Joaquim voltava a ser o Quincas. Tiram-no do caixão e resolvem passear com ele, tudo num clima de magia surpreendente e festiva. A intenção deles é degustar a moqueca do Mestre Manuel, à beira do mar, junto aos velhos amigos de farra.
A viagem que fazem vai acordando do luto toda a Ladeira, antiga conhecida de Quincas. Até briga conseguem no bar do Cazuza, o que deixa o proprietário feliz, pois aumenta a reputação do estabelecimento. Mas o principal é que Quitéria reconquista sua alegria com o retorno de seu amado. Tudo é mágico. Tudo é encantado. Tudo é cheio de vida e alegria com a notícia de que o seu grande ídolo estava vivo.Contentes, partem para o mar, ambiente predileto do herói e local em que ele sempre manifestou ter desejo de ser enterrado. É uma noite idílica. No entanto, são surpreendidos por um temporal. Em meio à agitação furiosa das águas, depois de cinco trovoadas fortes, o que dizem ter visto foi Quincas levantar-se e atirar-se ao mar. Morria pela segunda vez, dessa vez justamente no ambiente que queria, adquirindo a liberdade que desejava.

Fonte>http://www.vestibular1.com.br/resumos_livros/a_morte_e_a_morte_de_quincas_berro_d_agua.htm 

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